ROQUE SPONHOLZ INSPIRADO !


 


 


 


 

Moro neles…

 


 

GreenGO HOME…


 

O TEXTO DE JORGE PONTES

Jorge Pontes

Jorge Barbosa Pontes é delegado federal brasileiro e foi diretor da Interpol Brasil. Inspirado no episódio V da série de filmes Guerra Nas Estrelas, o império contra ataca, escreveu um respeitável texto publicado no Estadão com o título abaixo, que merece ser lido pelas pessoas de boa índole e que se interessam em ter certeza da merda que a ‘porlítica’ nacional ainda é!


O IMPÉRIO (DO MAL) CONTRA-ATACA

A farsa do “escândalo” causado pelo vazamento das conversas entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol nos traz algumas lições importantes.

A primeira é que ainda há efetivamente um Brasil do atraso, atuando como um bandido velho e decrépito, que reage desesperadamente com todas as suas energias, contra as forças das mudanças, tão desejadas pela imensa maioria da nossa população.

A segunda é que já decorridos cinco anos da primeira fase da Operação Lava Jato, e depois de duas eleições para o Congresso Nacional, o nosso Parlamento aparentemente não passou pela renovação política que a sociedade brasileira tanto almejava e necessitava.

A terceira é que o jogo jogado pelas velhas oligarquias – e os partidos políticos que as sustentam – não têm limites éticos nem freios para o enfrentamento da (talvez) última batalha contra a onda de moralidade que vem varrendo suas bases. Os atores dessa delinquência institucionalizada são capazes de se associarem ao underground da espionagem internacional, de buscarem apoio em potências estrangeiras, e em toda sorte de gangsterismo e mercenarismo periféricos. Não há fundo nesse poço chamado velha política brasileira.

A quarta, e mais triste de todas, é que alguns ministros do Supremo Tribunal Federal parecem estar dispostos a concorrer para que essas forças do atraso prevaleçam. Aparentemente não conseguem se livrar da influência daquelas lideranças políticas que os indicaram para as suas respectivas cadeiras. Parecem não se importarem em funcionar como guardiões do retrocesso.

A verdade é que nunca estivemos tão perto de começar um processo eficaz para a desconstrução do edifício do crime institucionalizado, que é capitaneado por grande parte dessa elite política anacrônica. E é sabido que a presença de Sérgio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública será instrumental para que tal processo avance.

Tudo o que se deseja com a celeuma causada pelo vazamento criminoso desses diálogos (absolutamente corriqueiros e que não encerram nenhuma irregularidade) é travar o avanço da onda trazida pela operação de Curitiba. Os objetivos são claros: retirar o ministro Moro de sua cadeira, enterrar o seu pacote anticrime, torpedear sua indicação para o STF e, dessa forma, fazer a roubalheira voltar ao estágio pré-Lava Jato, obviamente com a absolvição e soltura de todos os políticos incriminados nos processos criminais julgados por Sérgio Moro.

Com tudo isso, percebemos que a reforma a ser operada com o pacote anticrime é ainda mais relevante do que a reforma da previdência, pois a primeira viabilizaria o início de um processo que nos levaria, mais adiante, a um ambiente político e de negócios livre da corrupção desenfreada das últimas duas décadas.

A reforma proposta pelo pacote anticrime do ministro Sergio Moro deve preceder ou, no mínimo, ser operada em concomitância com a reforma proposta pelo ministro Paulo Guedes. São dois pilares necessários para o Brasil seguir em frente e se desenvolver. Não podemos imaginar a economia do país saneada, gerando enormes superávits, com centenas de bilhões de Reais injetados em investimentos de infraestrutura, e a velha política pilotando os mesmos esquemas da delinquência institucionalizada que nos levaram a crise atual. Estaríamos assim promovendo uma reforma para enriquecer ainda mais essa mesma elite política criminosa que nos sequestrou.

As conquistas da Lava Jato nunca correram um risco tão grande. Essa talvez seja a última das reações dos operadores do crime institucionalizado contra os desejos da sociedade, mas talvez seja a mais forte de todas, pois dela advirá um verdadeiro concerto de contramedidas e ataques. Vão aproveitar para rever a prisão após sentença de segunda instância e para travar o pacote anticrime, entre outros expedientes escusos. A hora é da sociedade estar mais atenta do que nunca.


Grifos pelo magu 

Fiquem atentos mas não tenham falsas esperanças. Os projetos que os ‘paralamentares’ vão debater, na reforma tributária, vocês verão, vão mostrar que a tal renovação do parlamento é uma piada de mau gosto…

 

ROQUE SPONHOLZ

filhos…

O Jair é um bom presidente quando está de boca fechada.


 

pois é…


 

pelas barbas dos profetas !


 

DISRUPTIVA ?

magu

Antes de mais nada, vejamos como o DICIO (Dicionário on Line) define a palavra, já que se está usando o termo à mancheia e eu não tinha a ideia correta a respeito do léxico, neste caso empregado na política. Eu conhecia apenas o significado usado em eletricidade, que é o que provoca a restauração súbita de uma corrente elétrica, provocando faíscas e gastando a energia que estava acumulada, mais ou menos como faz um capacitor.

adjetivo
Que provoca ou pode causar disrupção; que acaba por interromper o seguimento normal de um processo. Que tem capacidade para romper ou alterar; que rompe.

Vou adicionar algo a mais, fora do dicionário referido. Ação disruptiva e seus termos associados: disrupção, inovação disruptiva, educação disruptiva, foi criado por um professor de Harvard, chamado Clayton Christensen, em 1995, em um artigo intitulado Disruptive Technologies: Catching the Wave, que na linguagem de Camões seria algo como Tecnologias Disruptivas: pegando a onda. A teoria da disrupção afirma que quando você cria algo inovador e simples, você quebra o status quo, ou seja, você desequilibra algo já tradicionalmente aceito. Mais ou menos o que o deputado Bolsonaro fez quando, sem partido grande e sem dinheiro sobrando, ao derrubar um esquerdista famoso que “seria” o representante do novededos, conseguiu se eleger presidente, aproveitando-se do cansaço da população com a esquerda mentirosa.

Vejamos agora o que Pedro Doria, da coluna Vida Digital no jornalão O Globo, explicou o que é, em 01/11/2018.


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Pedro Doria

UMA ELEIÇÃO DISRUPTIVA

Jair Bolsonaro se elegeu presidente usando o WhatsApp e, ao que tudo indica, governará usando WhatsApp e outras redes. É o método Donald Trump de governo.

Nos EUA, Trump tem, cativos, algo entre 15 e 20% do eleitorado. Estes representam um percentual muito relevante dos eleitores do Partido Republicano. A cada vez que Trump lança um tema ou bate em alguém via Twitter, seus eleitores reagem em massa e deputados e senadores republicanos se sentem imediatamente pressionados. Nunca um populista teve uma ferramenta assim nas mãos, que lhe permite provocar a massa de forma tão imediata, conseguindo em troca uma reação assim instantânea.

Esta é uma das armadilhas que o digital prega na democracia. Quando as regras do sistema democrático atual foram imaginadas, ainda no século 18, uma ideia destas não estava no cardápio. Mas o resultado é que o chefe do Executivo, quando capaz de mover massas, tem um poder único de pressão sobre o Legislativo. É uma forma de, preservando todas as regras democráticas, driblar a democracia. A independência entre os Poderes se vê fragilizada.

Esta eleição de 2018 é disruptiva em muitos sentidos. Ouvi a expressão, tão utilizada no Vale do Silício, do cientista político Sergio Abranches em uma conversa na semana passada. Quando aplicada à indústria, disrupção é o processo pelo qual uma inovação vira o modelo de negócios de cabeça para baixo, tinge de vermelho as planilhas, provoca demissões em massa e, no fim, reinventa por completo a maneira como a coisa era feita.

A eleição que alçou Bolsonaro ao poder não é disruptiva apenas porque mudou a maneira de eleger um político, tornando o horário eleitoral inútil (*), e o tamanho do partido idem. Ela é disruptiva por ser o primeiro sinal claro de que a população brasileira está sentindo na pele os efeitos da transformação digital da vida.

O desemprego que já vivemos, aqui no Brasil, não é apenas fruto da inépcia econômica do governo Dilma Rousseff, ou da incapacidade de Michel Temer reequilibrar o jogo. Também vem do fato de que o digital automatiza, facilita, gera concorrência onde não havia e, noutros tantos setores, simplesmente exige menos mão de obra. Da relação entre táxis e Ubers à crise pela qual nós, jornalistas, passamos, a mudança de base tecnológica vai alternando o jeito que as coisas funcionavam há décadas.

Também está relacionado ao avanço tecnológico o rombo previdenciário que o Brasil e tantos outros países enfrentam. A população aumenta porque vivemos mais, e vivemos mais porque a medicina dá saltos a cada ano. Mas o resultado é também que o Estado perde a capacidade de proteger como já pôde um dia. Este é um processo com múltiplos resultados. Um é o congelamento de Parlamentos que não conseguem tomar a media impopular, porém necessária, de alterar as regras pelas quais pagamos aposentadorias e pensões. Outra é que, sem a teia de proteção, a cultura da sociedade se adapta. “Já faz parte desta transformação”, diz Sérgio, “este rumo da sociedade global a um novo tipo de individualismo. O indivíduo se vê por conta própria porque o Estado não protege mais.”

De certa forma, Bolsonaro foi um candidato contraditório. Afinal, seu discurso foi simultaneamente liberal e antiliberal. É um autoritário que promete força no comando do Estado. Nada menos liberal. Assim como promete desburocratização, facilidades para empreendedores, um Estado mais enxuto e abertura para o comércio exterior. Nada mais liberal.

Contraditório, porém a cara do tempo. Para uma população perdida, realmente desorientada perante as mudanças do mundo, nada como um candidato que representa o pai rigoroso que porá tudo em ordem. Tudo enquanto fala a língua do momento, em favor do empreendedorismo e via WhatsApp.


(*) Insha-allah – Se Deus quiser –

Mas será que os nossos ‘paralamentares’ vão perceber isso e nos livrar dessa encheção de saco? 

ROQUE SPONHOLZ

Dia Mundial do Roque

http://cartunistasolda.com.br/dia-mundial-do-roque/

COLUNA DE DOMINGO

Carlos Brickmann

queda da Bastilha

Carlos Brickmann – 14 de julho de 2019

Para quem não lembra, 14 de julho é data nacional da França, dia da tomada da pastilha, perdão, bastilha, 1789, marcando o início da queda de Luiz XVI. Digno de nota também a data nacional do EUA, em 4 de Julho, quando, em 1776, houve a ratificação da declaração de independência. Interessante o mês. Há muitas efemérides, como a morte de Nostradamus, em 02 de julho de 1566. Elas podem ser vistas em https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:!Efem%C3%A9rides_de_julho


É DE FRITAR BOLINHOS

Por que Eduardo Bolsonaro poderia ser um bom embaixador do Brasil em Washington, segundo seu pai? Diz o pai que o filho é sério, até casou há alguns dias, tem 35 anos, fez intercâmbio, é amigo dos filhos de Trump e fala bem inglês e espanhol. O filho lembra que, no intercâmbio, fritou muito hambúrguer – não tantos, claro, quanto um chapeiro do McDonald’s (e os chapeiros falam espanhol, sua língua materna, e inglês, por viver nos EUA).
Isso não é tudo. Eduardo Bolsonaro já deu apoio à reeleição de Trump, e um embaixador não se envolve na política interna do país onde ocupa a embaixada. Propôs que o Brasil se associe às sanções contra o Irã e aceite o uso da força na Venezuela. E como brigar, sem prejuízos, com o Irã, que importa produtos brasileiros? Simples: aproximando-se da Arábia Saudita, hoje afastada dos iranianos por questões religiosas. Só que questões religiosas já existiam quando houve o choque do petróleo, e ambos, Arábia Saudita e Irã, atuaram juntos multiplicando os preços e quebrando o Brasil.

O Itamaraty, um centro de excelência no Governo, já sofreu muito nos últimos tempos. Teve um chanceler que obedecia às ordens de dois senhores: um festejou quando soube que o acidente do avião da TAM foi causado por problemas mecânicos e não por falha do Governo; outro, embaixador que nunca ocupou embaixada, obrigava o pessoal de carreira a estudar em seus livros. Que o Itamaraty seja capaz de sobreviver a novos tormentos.

Questão legal
Nomear o filho para a Embaixada mais importante do país, sem que seja do quadro diplomático, é legal ou não? Um ministro do Supremo já disse que é inconstitucional, por configurar nepotismo (abaixo, uma decisão do STF sobre o tema). Mas já existe parecer da CGU, Controladoria Geral da União, a favor. Este colunista tem certeza de que não se trata de nepotismo: a palavra vem de nepote (em italiano, sobrinho) e se refere ao hábito papal de nomear sobrinhos para altos cargos na hierarquia. Portanto, no caso brasileiro isso não se aplica: Eduardo Bolsonaro não é sobrinho de nenhum papa.

Decisão suprema
Súmula 13 do STF: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição” (…). O CGU acha que não.

O que falta
O posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos está vago desde junho. quando Sérgio Amaral deixou o cargo. Bolsonaro disse que, para nomear o filho, espera que ele primeiro concorde (Eduardo já disse que cumprirá as missões que o pai lhe designar) e, em seguida, “o momento certo”. Mas uma nomeação de embaixador tem de ser aprovada pelo Senado. Como o voto é secreto, pode ser uma ótima oportunidade para que os senadores mostrem a Bolsonaro que têm poder. E a questão certamente irá ao Supremo. A nomeação de Eduardo, se sair, depende do Senado e do STF.

A bola rola…
Enquanto o Executivo faz com que o debate político se perca em desvios que nada têm a ver com a recuperação da economia e ao bom funcionamento da política, há coisas sérias (e boas) acontecendo. A reforma da Previdência agora já vai para o segundo turno de votação. Se tudo der certo, poderá ser aprovada até quinta-feira – data emblemática em que os parlamentares decretam recesso. Recesso, aliás, bem mandrake: não pode haver recesso se não for votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Esta é a lei. Mas imagine se a lei vale para Suas Excelências: há um acordo pelo qual ninguém aparece no serviço, não sofre nenhum desconto salarial e vão todos descansar. Com isso, a reforma da Previdência se beneficia e vai para o Senado.

…deixa a bola rolar
A reforma da Previdência aprovada em primeiro turno não é a dos sonhos do superministro Paulo Guedes, mas ficou perto. De acordo com Guedes, a economia com sua proposta seria de algo como R$ 1,3 trilhão em dez anos. Claro, na prática deve haver alguma coisa diferente, porque essas contas precisas demais em geral não são tão precisas assim. A reforma aprovada em primeiro turno na Câmara, abrandados alguns aspectos da proposta oficial, deve levar a uma economia superior a R$ 900 bilhões em dez anos. Bancos que fizeram as contas acham que se der R$ 700 bilhões já está ótimo (já que a proposta original também ficaria, pelos seus cálculos, em alguma quantia próxima de R$ 900 bilhões). Abre-se com isso a possibilidade de volta dos investimentos. Mas para retomar a economia serão precisas novas reformas.

COMENTE: carlos@brickmann.com.br
Twitter: @CarlosBrickmann

ROQUE SPONHOLZ

E no Brasil tudo acaba em Gilmar Mendes…


Força, Glenn


Remenda daqui, remenda dali…


 

O BANQUEIRO DO NOVEDEDOS E OUTRAS AVENÇAS

Para um anti-esquerdista do meu calibre, a revista Veja, que já era olhada com desconfiança, passou a ser quase impossível de ler, a partir do momento que foi comprada por André Esteves, o banqueiro do lula. A intensidade dos ataques que a revista promove contra Moro e a nova administração do país acabou por ficar ridícula. Se a Falha de SPaulo não fosse o Pravda brasileiro, Veja mereceria o título. Ainda bem que meu preferido zeroberto pode ser lido em outros lugares.

E não sou eu quem diz isso. Quem afirma é o ex-ministro Antonio Palocci, dizendo que lula tinha um banqueiro para chamar de seu. Adicionava que André Esteves, controlador do banco BTG, cuidava de abastecer os cofres do PT, incluindo aí operações que beneficiaram pessoalmente o novededos.

Assim, o novo proprietário deixou a cambada de esquerdistas já acoitados em Veja mais felizes do que pintos no lixo… Eu ia fazer uma sugestão mas Paulo Henrique Amorim, que caberia muito bem na Veja atual, foi para o brejo e ontem vestiu o paletó de madeira. Um petralha a menos na mídia.

Mas deixem-me seguir.


No site Epoch Times, o redator Carlos de Freitas, do Senso Incomum, diz que a mídia está chocada com vontade de Moro em prender bandidos. Vazamento das conversas de Moro expõe verdadeira face da mídia tradicional.

E refere-se a artigo de Leandro Ruschel, que diz não ser preciso nenhum gênio para ver o quanto o suposto escândalo dos áudios hackeados do ministro Moro é poeira. A matéria da revista de extrema-esquerda IntercePT é um embuste expresso de forma histérica que nada tem de relevante para o andamento, tanto das investigações da Lava-jato, quanto dos destinos do país. Nem a Bolsa de Valores deu-se ao trabalho de sentir o tamanho do escândalo.

Basta ver onde foi que repercutiu de forma escandalosa e quem ficou chocadíssimo com essa matéria. Tipos sem qualquer credibilidade como Ricardo Noblat, Mônica Bergamo, Organizações Globo, Veja, Folha, Isto É e toda esgotosfera. Os mesmos de sempre.

O que choca essa gente é que procuradores tenham medo de que a quadrilha criminosa mais nociva da história do mundo volte ao poder. É realmente um escândalo. Quem foi financiado por essa quadrilha tem todos os motivos do mundo para estranhar o comportamento dos procuradores. A mídia sempre foi conivente e, quem sabe, até beneficiária desses esquemas de corrupção.

Esse ataque à Lava Jato precisa funcionar como um wake up call (chamada para acordar) para Moro e Bolsonaro.

Acelerem o combate ao crime ou serão engolidos pelo sistema podre.


Grifos por magu

ROQUE SPONHOLZ



 

Bom descanso, Ministro


 

O ACHISMO MATA A IMPRENSA

Seymour M. Hersh

Jornais, revistas e redes de TV continuarão reduzindo a equipe e encolhendo o orçamento disponível para uma boa reportagem, especialmente para as investigativas, cujo custo é elevado.

Esta é uma parte da história do importante jornalista Seymour M. Hersh, 82 anos, repórter desde o final da década de 1950, se destacou nos anos seguintes pela investigação de questões militares e geopolíticas dos EUA.

Parte do seu livro de memórias “Repórter”, que será publicado brevemente em português, em artigo de Época, 14 de abril, com tradução de Antônio Xerxenesky.

Longo, mas deve ser lido, pois verão que não se ganha um premio Pulitzer impunemente.

O que achei mais surpreendente foi que Hersh em nenhum momento divide as coisas ideologicamente. Nestes tempos atuais, isto causa enorme surpresa…

Seymour Hersh ganhou o prêmio Pulitzer, o principal do jornalismo americano, ao descrever o massacre de mulheres e crianças em uma aldeia vietnamita, ocorrido em março de 1968, por soldados dos Estados Unidos.

Seymour Hersh ganhou o prêmio Pulitzer, o principal do jornalismo estadunidense ao descrever o massacre de mulheres e crianças em uma aldeia vietnamita ocorrido em março de 1968


Sou um sobrevivente da era de ouro do jornalismo, quando os repórteres dos jornais diários não tinham que competir com as notícias 24 horas da TV a cabo, quando os jornais ganhavam muito dinheiro com propaganda e classificados, e quando eu era livre para viajar para qualquer lugar, no momento que desejasse, por qualquer motivo, com o cartão de crédito da empresa. Havia tempo suficiente para cobrir notícias de última hora sem ter de ficar constantemente relatando as novidades no site do jornal.

Não havia mesas-redondas com especialistas e jornalistas na TV a cabo que começam a responder a qualquer pergunta com as duas palavras mais mortais do mundo da imprensa: “Eu acho”. Estamos saturados de notícias falsas, informações exageradas e incompletas, e asserções falsas feitas sem parar nos nossos jornais diários, nossas televisões, nossas agências de notícia on-line, nossas redes sociais, e pelo nosso presidente.
Sim, é uma bagunça. E não há nenhum passe de mágica nem um salvador à vista para a imprensa séria. Os jornais, as revistas e as redes de TV mainstream continuarão demitindo repórteres, reduzindo a equipe e encolhendo o orçamento disponível para uma boa reportagem, especialmente para reportagens investigativas, cujo custo é elevado, o resultado é imprevisível e ainda têm grande capacidade de irritar leitores e atrair processos caros. Muitas vezes os jornais de hoje correm para imprimir notícias que mal passam de indícios ou suspeitas de algo tóxico ou criminoso. Por falta de dinheiro, tempo ou de uma equipe habilidosa, estamos cercados por histórias com “ele disse, ela disse”, nas quais o repórter não passa de um papagaio. Sempre pensei que era a missão de um jornal buscar a verdade e não apenas registrar a discordância. Houve um crime de guerra? Os jornais agora dependem de um relatório negociado pelas Nações Unidas que aparece, no melhor dos casos, meses depois para nos contar a história.

E a mídia fez algum esforço significativo para explicar por que relatórios da ONU não têm sido considerados a palavra final por muitos ao redor do mundo? Há relatórios críticos sobre a ONU? Posso ousar perguntar sobre a guerra no Iêmen? Ou o motivo pelo qual Donald Trump tirou o Sudão da sua lista de países cujos cidadãos têm restrições para entrar nos Estados Unidos? (A liderança em Cartum, no Sudão, mandou tropas para lutar no Iêmen em nome da Arábia Saudita.)

Minha carreira sempre girou em torno da importância de falar verdades relevantes e que ninguém queria ouvir, e tornar os Estados Unidos um país mais instruído. Não estava sozinho nesse objetivo de fazer a diferença; penso em David Halberstam, Charles Mohr, Ward Just, Neil Sheehan, Morley Safer e dezenas de outros jornalistas do mais alto nível que fizeram tanto para nos ensinar sobre o lado sórdido da Guerra do Vietnã. Sei que não seria possível ter tanta liberdade nos jornais de hoje quanto eu tive até uma década atrás, quando começaram os cortes financeiros. Lembro vividamente do dia em que David Remnick, o editor da New Yorker , me telefonou em 2011 para perguntar se eu podia fazer uma entrevista com uma fonte importante pelo telefone em vez de voar 5 mil quilômetros para realizá-la ao vivo. David, que fez todo o possível para apoiar minha cobertura dos horrores da prisão de Abu Ghraib em 2004 — ele pagou caro para permitir que eu publicasse reportagens em três edições consecutivas —, me implorou no que julguei ser uma voz envergonhada, dolorida, quase um sussurro.

Onde estão as matérias de peso sobre as operações das Forças Especiais dos Estados Unidos que continuam sendo realizadas e a disputa política sem fim no Oriente Médio, na América Central e na África? Com certeza continuam ocorrendo abusos — a guerra é sempre um inferno —, mas os jornais de hoje e as redes de TV simplesmente não têm dinheiro para manter correspondentes lá, e quem ainda faz isso —, basicamente o New York Times , onde trabalhei alegremente por oito anos na década de 70, sempre causando encrenca — não consegue financiar as reportagens de longo prazo necessárias para mergulhar a fundo na corrupção dos militares ou dos serviços de Inteligência. Como você lerá aqui, demorei dois anos para aprender o que precisava para relatar a espionagem doméstica ilegal que a CIA realizava nas décadas de 60 e 70.
Não finjo ter a resposta para todos os problemas da imprensa nos dias de hoje. O governo federal deveria apoiar a imprensa, como a Inglaterra faz com a BBC? Pergunte a Donald Trump. Deveria haver alguns poucos jornais nacionais financiados pelo público? Em caso afirmativo, quem poderia comprar ações dessa empreitada? Este é claramente o momento de renovar o debate sobre o que fazer a seguir. Acreditei por anos que tudo se resolveria, que os jornais americanos decadentes seriam substituídos por blogs, coletivos de notícias on-line e por semanários que preencheriam as lacunas das reportagens locais, assim como das notícias nacionais e internacionais, mas, apesar de alguns poucos casos de sucesso — VICE , BuzzFeed , Politico e Truthout são os nomes que me ocorrem —, isso não está acontecendo; em consequência, a mídia, assim como a nação, está mais tendenciosa e estridente.

Escrevi meu livro de memórias. É um relato de um sujeito que veio do Meio-Oeste, começou sua carreira como contínuo para uma pequena agência que cobria crimes, incêndios e julgamentos e que, 11 anos depois, trabalhando como repórter freelancer em Washington para uma pequena agência de notícias contrária à guerra, estava metendo dois dedos nos olhos de um presidente ao contar de um horripilante massacre americano, e sendo recompensado por isso. Não é preciso me dizer sobre o fascínio, e o potencial, dos Estados Unidos. Talvez por isso seja tão doloroso pensar que eu não teria conseguido fazer o que fiz se tivesse de trabalhar com o jornalismo caótico e sem estrutura de hoje em dia.
É claro que eu continuo tentando.

Cresci na Zona Sul de Chicago sem conhecer uma só pessoa na área do jornalismo e tendo muito pouco interesse pelo mundo além do campo de futebol e do playground mais próximo. Mas eu lia as páginas de esporte e, aos domingos, os quadrinhos. Meus pais eram imigrantes judeus — meu pai, Isadore, veio da Lituânia; minha mãe, Dorothy, da Polônia. Chegaram a Ellis Island logo depois do fim da Primeira Guerra Mundial e, de alguma maneira, acabaram indo parar em Chicago, onde se conheceram e se casaram. Não penso que eles, uma vez nos Estados Unidos, tenham conseguido terminar o ensino médio — havia uma vida por ser feita e uma família por alimentar. Vieram quatro crianças, dois pares de gêmeos: minhas irmãs, Phyllis e Marcia, nasceram em 1932, cinco anos antes de mim e de meu irmão, Alan. Nenhum de nós entendia por completo o que levou nossos pais a abandonarem suas famílias e o local onde nasceram para embarcar na longa viagem de navio até os Estados Unidos. Foi uma conversa que nunca tivemos, assim como nunca falamos da falta de educação formal dos meus pais. Éramos de classe média baixa. Meu pai era dono de uma empresa de limpeza na Avenida Indiana, 4.507, no centro do que na época era, e ainda é, um gueto negro na Zona Sul de Chicago. Era um emprego das 7 da manhã às 7 da noite, e as entregas muitas vezes o mantinham lá por mais uma hora. Quando Al e eu mal tínhamos entrado na adolescência, esperava-se que trabalhássemos na lavanderia quando ele nos pedia, nos fins de semana e nas tardes mais ocupadas durante a semana. Meu irmão e eu morríamos de medo de nosso pai, que tinha um temperamento explosivo e cuja ideia de um domingo divertido era acordar cedo, pegar nós dois, dirigir até a lavanderia, lavar o chão, e então nos levar para uma sauna russa, que não existe mais faz tempo, na Zona Oeste de Chicago, onde ficávamos suando e depois éramos esfregados com galhos duros de bétula. Nosso prazer vinha depois; havia uma pequena piscina onde podíamos pular, e arenque fresco com refrigerante para o almoço. Papai era um homem misterioso. Aprendi só seis décadas depois de sua morte que a sua cidade natal era Seduva, um vilarejo de fazendeiros com uma grande comunidade judaica, a cerca de 160 quilômetros a noroeste da capital, Vilnius. Em agosto de 1941, a população judaica de Seduva, de 664 pessoas, incluindo 159 crianças, teve de marchar para fora do vilarejo e lá foram executados, um a um, por uma unidade alemã auxiliada por colaboracionistas lituanos. Meu pai nunca falou da Alemanha nazista ou da Segunda Guerra Mundial. À sua própria maneira, Isadore Hersh era tanto um sobrevivente do Holocausto como um negacionista do Holocausto. Meu pai me contou, no entanto, que ganhou uns preciosos dólares tocando o cantar dos pássaros no violino quando chegou aos Estados Unidos, no início da década de 20. Era só uma história que eu tinha ouvido até que, depois de muita pressão, meu irmão e eu começamos a fazer aulas de violino nas tardes de domingo com David Moll, que era na época, ao final da guerra, um violinista da Sinfônica de Chicago. Al e eu ficávamos pateticamente arranhando o instrumento por uma hora e pouco, e daí Moll e nosso pai tocavam duetos sem parar. Nosso pai realmente sabia tocar, mas nunca o fazia fora dessa hora com Moll. Lembro-me de que um dos seus outros prazeres era o carteado mensal de sábado à noite com seus conterrâneos, refugiados de Seduva que, como ele, eram pequenos comerciantes que acabaram indo parar em Chicago.

Meu pai nunca entendeu os Estados Unidos. Quando Al e eu estávamos no segundo ano do ensino médio, nos mudamos do nosso modesto apartamento situado no que pensávamos ser uma comunidade predominantemente judaica na Rua 47 Leste para um novo conjunto habitacional, a muitos quilômetros de distância, no extremo sul da cidade. Foi ideia da nossa mãe. A nossa nova moradia era uma unidade de esquina em um complexo de casas, estava cheia de novos móveis cobertos de plástico, e havia uma pequena faixa de grama do lado de fora. Nós detestamos, mesmo tendo dois banheiros, porque ficamos muito longe de nossos amigos e dos campos de esportes que conhecíamos tão bem. Alguns dias depois da mudança, eu estava ao lado do meu pai enquanto ele, obedientemente, e bem quieto — ele sempre foi quieto, até o seu temperamento explodir —, regava o gramado. Em algum momento, um de nossos novos vizinhos apareceu com um sorrisão. Era a pessoa mais irlandesa possível, com um sotaque fortíssimo. Disse que seu nome era McCarthy e nos deu as boas-vindas ao bairro. Meu pai apertou a mão dele e perguntou, de forma queixosa: “Por acaso você é um praticante da fé judaica, sr. McCarthy?”. Ainda consigo sentir a mortificação de quando saí correndo para dentro de casa coberto de vergonha. Minha mãe deve ter se esforçado para se adaptar aos Estados Unidos também, mas ela encontrou um refúgio, por sorte, acredito, na sua obsessão por cozinha e confeitaria. A comida se tornou o seu principal meio de comunicação. Mamãe, para ser justo, era incrível com biscoitos e tortas; ainda consigo sentir o gosto do strudel de maçã que fazia, mesmo sem conseguir me lembrar de ter tido qualquer conversa íntima com ela.

Meu pai fumava três maços de Lucky Strike por dia — eu tinha ojeriza da sua tosse constante à noite — e foi diagnosticado com câncer de pulmão agudo quando eu tinha apenas 16 anos. Isso me impediu de fumar algo além de um baseado ocasional ao longo de minha vida. Ele passou por uma cirurgia que não deu certo e a doença continuou avançando por mais um ano, até chegar à metástase e atingir o cérebro. Fui designado para cuidar dele porque tinha menos medo de desagradar-lhe e de apanhar, como às vezes acontecia, quando ele me batia com o couro que ele usava para afiar a lâmina de barbear. Uma das minhas primeiras lembranças é observar impressionado o meu pai afiá-la e depois fazer a barba cuidadosamente com aquela lâmina assustadora. Meu pai permaneceu pouco comunicativo, mas muitas vezes, por dentro, estava furioso com o seu destino. E com o nosso. Dava para sentir. Ele morreria aos 49 anos, no fim de julho de 1954, um mês depois de meu irmão e eu terminarmos o colégio.

Eu mal consegui concluir o colégio, pois entrei, junto com o meu pai, numa grande tristeza. Sempre fui um aprendiz agressivo, um autodidata que por volta dos 13 anos entrou no clube de leitura e mensal e diligentemente enviava um dólar por mês para receber a seleção de não ficção — em geral era uma diatribe anticomunista escrita por J. Edgar Hoover ou por pessoas que compartilhavam de sua visão. Mas também havia obras prazerosas — longas histórias da monarquia Habsburgo e estudos sobre a Igreja Católica Romana e as Cruzadas Cristãs da Idade Média. O colégio, porém, tornou-se cada vez mais irrelevante para mim ao passo que meu pai pouco a pouco definhava. Eu matava aula, ignorava as tarefas de casa, era arrogante com os professores e demonstrava, de todas as formas antissociais, o quanto ficava perturbado porque ninguém vinha me buscar no colégio ou me esperava em casa.

Fiz um acordo com Alan, que passou anos fascinado com a nova ciência da cibernética, cujo pioneiro era Norbert Wiener, do MIT, seu guru. Ele poderia sair de Chicago e se mudar para o campus da Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, ao sul do estado, a duas horas de carro. Ficou subentendido que, em troca disso, ele cuidaria da nossa mãe depois da graduação. Al estudou engenharia elétrica e deixou a família orgulhosa, e acabou fazendo doutorado em dinâmica de fluidos na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Eu não fiquei deprimido porque, o tempo inteiro, estive muito mais envolvido do que Al com a lavanderia do meu pai, com o constante cheiro de fábrica de trabalho escravo por causa do vapor gerado pela máquina de passar roupa que esmagava ternos e casacos. Eu queria ter certeza de que esse negócio sobreviveria e que manteria a minha mãe dedicada às suas panelas, assadeiras e farinha. Isso sim é estar deslocado. Não importava que eu e outros dois da minha classe tivéssemos atingido a nota mais alta no teste-padrão de QI no nosso último ano; os outros dois foram para Harvard, e eu não tinha ideia do que faria, além de dar continuidade ao negócio da família. Minhas irmãs tinham saído de casa bem antes, então só sobraram minha mãe e eu, uma casa nova que eu detestava, e a lavanderia. Ser inteligente, naquele momento, era irrelevante. Mas eu era dono do meu próprio destino e fiz as escolhas que achava que deveriam ser feitas, mesmo que elas me mantivessem na Avenida Indiana.

Tive cedo uma aula sobre ética de negócios, poucas semanas depois do falecimento do meu pai, com Benny Rubenstein, o patriarca de uma sinagoga local no nosso antigo bairro — ninguém de nossa família agnóstica chegava perto dela, embora Al e eu tivéssemos feito hebraico lá, basicamente porque ficava perto de um grande campo de softbol. Benny, um sobrevivente do Holocausto, era um sujeito franzino na faixa dos 80 com um nariz grande e tufos imensos de cabelo branco saindo das orelhas. Fazia muito calor, um calor do meio do verão, e o apartamento dele, assim como todos os outros da antiga vizinhança, não tinha ar-condicionado. Fiquei nervoso quando Benny me chamou, e ao entrar lá, o velho, com um golpe rápido, agarrou uma mosca com a mão, esmagou-a e deixou-a cair. Tente fazer isso alguma vez. Nunca vou esquecer as palavras dele, ditas com o sotaque mais iídiche dos iídiches: “Seymour. Você agora é o homem da casa, e precisa cuidar da sua mãe. Então vou lhe dar um conselho como homem de negócios. Foda com eles antes que eles fodam com você!”. Fiquei pasmo. Ele realmente disse “foder” duas vezes? Estava falando dos nazistas ou de um possível parceiro de negócios? Saí daquele apartamento o mais rápido possível.

Um mês depois, segui o único caminho possível: eu, uma pessoa de conhecimentos gerais que detestava ciências mas adorava romances e história, faria uma faculdade de dois anos no centro de Chicago, que para entrar não exigia nada além da capacidade de pagar US$ 45 por semestre para ter um armário. A instituição, conhecida como Navy Pier ( Píer da Marinha ), foi aberta pela Universidade de Illinois imediatamente depois da Segunda Guerra em uma antiga base de treinamento da Marinha que se projetava quase 1 quilômetro para dentro do lago Michigan. Fora criada para acomodar veteranos que retornaram da guerra com pouco dinheiro e desesperados para ter alguma educação. Depois de dois anos, os alunos tinham de ser transferidos para o campus principal em Urbana-Champaign para obter seu diploma.

Minha agenda semanal envolvia abrir a lavanderia às 7 da manhã e aí, quando chegasse um funcionário, dirigir alguns quilômetros até a faculdade para frequentar as aulas. Lembro-me de caminhar por um corredor central mal iluminado que levava às salas de aula de madeira úmida, antes usadas para ensinar navegação e outras habilidades para os homens que iam para a guerra. Eu odiava, em especial, a educação física obrigatória, que exigia que todos os estudantes do sexo masculino corressem, ou tentassem correr, 400 metros em menos de um minuto. Não conheci ninguém na faculdade e não fiz amigos lá. Dirigia até o local, frequentava as aulas, corria na pista de corrida e dirigia de volta até a lavanderia.

E, no entanto, a minha vida mudou lá — ou talvez tenha sido salva — graças a uma intervenção que fui capaz de reprimir por três décadas. Corta para 1983, meses depois de eu ter publicado The price of power ( O preço do poder ), uma visão muito crítica acerca da carreira de Henry Kissinger na Casa Branca. Eu trabalhava em Washington, D.C. e estava num casamento feliz com três filhos, e meus dias na Navy Pier tinham evaporado da memória. O livro causou uma grande tempestade, pró e contra, e provocou uma enxurrada de cartas. Uma delas, cuidadosamente digitada, vinha de um professor da Universidade de Illinois chamado Bernard Kogan, que se apresentou dizendo que tinha obtido recentemente o título de doutor em literatura na Universidade de Chicago quando, na primavera de 1954, passou a ministrar um curso de literatura moderna na Navy Pier. “Prezado sr. Hersh”, assim começava a sua carta. “Tenho certeza de que você não se lembra de mim.” Eu não lembrava, mesmo depois de ele explicar o motivo pelo qual estava entrando em contato. “Eu intervim na sua vida de maneira como só viria a fazer duas vezes ao longo de minha carreira. Em um caso foi em defesa de um jovem que se tornou um cirurgião e salvou muitas vidas. A outra foi com você. Tenho orgulho dos dois.” Não fazia ideia do que o cara estava falando. E então, ao reler a carta, a memória brotou tão de repente quanto lágrimas nos meus olhos. Aconteceu três décadas atrás, e a aula tinha acabado de terminar. Eu tentava me esconder no fundão, como sempre, e estava indo em direção à porta quando Kogan me chamou pelo nome e me pediu que fosse falar com ele. Ansiedade total. Teria feito algo de errado? Caminhei até ele e a primeira coisa que me disse foi: “O que você está fazendo aqui?”.

“O que você está fazendo aqui?” Lembro-me de entender exatamente o que ele queria dizer. Era algo que eu andava me questionando fazia semanas. Como resposta, murmurei algo sobre a morte do meu pai e ter sido deixado sem escolha além de manter o negócio da família. Não me lembrava de mais nada até começar a editar este livro de memórias: agora recordo que, uma semana antes, tinha entregado um ensaio comparando um romance do escritor britânico Somerset Maugham com uma obra americana contemporânea, talvez um romance de F. Scott Fitzgerald, e Kogan me devolveu o trabalho com uma nota A e muitos comentários elogiosos. Kogan, então, me surpreendeu ao pedir que o encontrasse no Departamento de Inscrições da Universidade de Chicago assim que possível. Fiz isso, realizei o teste de admissão dado a todos os candidatos naquele mesmo dia, ou logo depois, fui aceito, e imediatamente transferido, pois o semestre tinha acabado de começar.
Sentia-me em casa lá, com a ênfase dada em pensamento crítico e um currículo que não dependia de livros didáticos, mas de obras originais de pesquisadores e teóricos. O mais importante disso é que a nota final de muitas das disciplinas era baseada apenas numa prova escrita de quatro ou seis horas. Sempre consegui escrever — dizer exatamente o que eu queria dizer de uma só vez — e essa habilidade me fez passar pela faculdade com notas melhores do que eu de fato merecia.
Quanto ao maravilhoso dr. Kogan, poucas semanas depois de receber sua carta eu viajei a Chicago para encontrá-lo e dar uma palestra, a pedido dele, diante da filial de Chicago da sociedade acadêmica Phi Beta Kappa, que ele havia fundado no fim da década de 70. Também fiz questão de, a partir de então, estar sempre disponível, na medida do possível, para palestras ou discussões em sala de aula para aqueles professores da região de Washington que tinham perguntas sobre a política externa dos Estados Unidos, seja na faculdade ou no colégio. Bernard Kogan e eu trocamos nossas últimas cartas em 1998, quando ele me disse que estava doente. No fim de 1997, ele escreveu, com uma satisfação óbvia: “Uma coisa está muito clara para mim, Seymour: você não é mais o rapaz quietinho que eu puxei para um canto e aconselhei fora da sala de aula numa tarde dos anos 50”. Obrigado, dr. Kogan.

Meus dias na Universidade de Chicago eram empolgantes e divertidos. A faculdade tinha uma boa parcela de malucos, muitos deles brilhantes e iconoclastas, com certeza. Eu não era maoista, platônico ou socrático, mas com certeza era um maluco também, porque me dividia entre a vida universitária e o cuidado com a lavanderia da família, e ainda continuava morando com a minha mãe. Apesar de tudo, arranjava tempo para estudar, jogar um ano ou dois no time de beisebol, entrar numa fraternidade, tentar entender as garotas e amadurecer. Minha mãe, em defesa dela, envolveu-se cada vez mais com o dia a dia da lavanderia, cujos rendimentos minguavam de forma constante, mas ainda gerava lucro suficiente para nos manter. Eu não tinha nenhuma relação com o jornalismo, além de ter pegado o hábito de resolver as palavras cruzadas diárias do New York Times , olhar as manchetes e me preocupar com Ike, Nikita e a bomba. Por volta de 1958, quando Alan e eu estávamos quase nos formando, a liberdade surgiu. Al, cumprindo fielmente o seu compromisso, assumiu um trabalho de engenharia em San Diego, mudou-se para lá com sua esposa e encontrou um apartamento próximo para a nossa mãe. A lavanderia foi vendida por um preço baixo a um funcionário. Eu me mudei para um porão em Hyde Park, na Zona Sul do bairro da universidade; custava US$ 12 por semana e tinha um banheiro no final do corredor. Era incrível.

Com o meu diploma em letras, mas sem ter sido laureado, passei os meses seguintes sem conseguir encontrar um emprego decente. Eu tinha bastante interesse na empresa Xerox, que à época estava a um ano de vender a primeira máquina copiadora comercial. Não lembro quem foi que me avisou da empresa, mas, no fim do verão, ficou claro que a Xerox não tinha interesse em me contratar. Um dos meus bons amigos da faculdade era o David Currie, que também jogava beisebol e cujo pai, Brainerd, era um especialista de primeira em Direito e lecionava na Faculdade de Direito da Universidade de Chicago. Ele também amava beisebol e passava horas rebatendo com bolas altas para o filho dele e para mim. David tinha ido estudar Direito em Harvard no ano anterior; ele era funcionário do juiz da Suprema Corte Felix Frankfurter e acabou lecionando por mais de quatro décadas na Faculdade de Direito de Chicago. Quando encontrei seu pai, expliquei a ele que, estando quase no fim do verão, queria entrar na Faculdade de Direito da Universidade de Chicago, e o professor Currie arranjou isso em poucos dias. Ele, assim como Bernard Kogan, viu mais coisas em mim do que eu mesmo via naquela época.

Passei por alguns trimestres com notas razoáveis, mas achava o estudo das leis entediante, e a faculdade de Direito monótona, com sua ênfase em leitura e memorização de casos. Perto do fim do ano, eu tinha praticamente desaparecido e fui expulso da faculdade pelo reitor Edward Levi (que reapareceria na minha vida uma década depois). Isso não me deixou incomodado, pois sabia que tinha feito a coisa certa. Meu único arrependimento foi que Brainerd morreu em 1965 e não pôde ver eu deixar a minha marca em outra área.
Os meses seguintes permanecem pouco nítidos para mim. Pensei em entrar na faculdade de administração e frequentei algumas aulas. De jeito nenhum. Enquanto cursava Direito, trabalhei meio período vendendo cerveja e uísque numa loja de conveniências no suburbano Evergreen Park, no extremo sudeste de Chicago, e comecei a fazer o mesmo em tempo integral numa loja Walgreens em Hyde Park. Certa noite, dois escritores de Chicago que eu admirava muito, Saul Bellow e Richard Stern, entraram para comprar bebida. Stern, cujo seminário sobre escrita de ficção eu havia frequentado na faculdade — ele escolhia pessoalmente os alunos —, me constrangeu ao perguntar, basicamente, como Kogan fizera antes, o que você está fazendo aqui?
Estava naquele humor de “o-que-eu-faço-agora?” quando, bebendo uma cerveja num bar da vizinhança, deparei com um sujeito que já encontrara antes, mas não recordava a ocasião. Seu nome era Peter Lacey, e ele me lembrou de quando tentou roubar a garota que estava comigo um ano antes numa festa. (Tal sacanagem era conhecida em Hyde Park como “caçar pássaro com cachorro”.) Rimos juntos e começamos a conversar enquanto bebíamos umas cervejas. O que eu estava fazendo? Vendendo uísque. Peter, por sua vez, me falou que estava trabalhando na revista Time, mas que começara sua carreira como foca no City News Bureau (CNB) de Chicago. O City News, como aprendi na sequência, tinha sido montado na virada do século pelos jornais de Chicago para encontrar repórteres dispostos a cobrir os julgamentos na cidade e as ocorrências policias, guardando dinheiro para os peixes grandes. Os crimes de rua eram o foco do CNB — e havia muitos em Chicago — e as reportagens serviam de auxílio para os grandes jornais diários; o local também era uma fonte de repórteres jovens e ambiciosos. O City News se tornou famoso, por um curto período, graças a The front page , a peça de sucesso perene — que depois virou filme — escrita por Ben Hecht e Charles MacArthur.

Parecia divertido, especialmente porque Lacey também me disse que o City News tinha duas formas de recrutar sua equipe, que mudava o tempo inteiro: metade vinha da famosa Faculdade de Jornalismo Medill da Universidade Northwestern e a outra metade vinha de pessoas com diploma universitário que se inscreviam. Hoje já não faço ideia se era mesmo assim, mas eu acreditava nisso na época. Então fui até o escritório do City News Bureau no centro e preenchi uma ficha. Não pediram referências e eu não dei nenhuma. Um contínuo me disse que eu seria chamado quando chegasse a minha vez. Alguns meses depois, me mudei, sem pensar no fato de que o City News agora ficaria com meu telefone desatualizado. Mais alguns meses se passaram, e eu continuei vendendo uísque, vergonhosamente, e, sem vergonha alguma, a aproveitar minha liberdade — uma liberdade que eu não tinha vivido desde que meu pai adoecera. Passava meus dias lendo autores modernos e nem tão modernos — William Styron, Norman Mailer, Philip Roth, Nelson Algren, James Farrell — e mantendo um diário com todas as palavras que eu desconhecia, como “amanuense” e “alcunha”. Meu romance favorito por um bom tempo foi o famoso As aventuras de Augie March , de Saul Bellow, sobre um rapaz de Chicago que, como eu, não conseguia se dar bem na vida.

Numa sexta à noite, depois do trabalho, fui convidado para jogar pôquer no meu apartamento anterior, que agora era ocupado por um grupo de estudantes que sabiam, ao contrário de mim, jogar pôquer muito bem. Pelas 2 ou 3 da manhã eu já estava zerado e decidi dormir no sofá daquela sala de estar suja que eu conhecia tão bem. Na manhã seguinte, logo depois de o relógio marcar 9 da manhã — eu ainda dormia pesado —, o telefone tocou. Atendi. Era um editor chamado Ryberg, do City News. Estava procurando o Hersh. Confessei que era eu. Ele perguntou se eu ainda queria um emprego como foca, pagava US$ 35 por semana, e se poderia começar imediatamente. Eu podia. Semanas depois, à medida que me tornava mais e mais interessado por jornalismo, vi Walter Ryberg, o editor de Cidades que passou cinco décadas no City News, procurar um novo repórter. Ele pegou a pilha de fichas de inscrição e começou a discar. Se ninguém atendia, ou se a pessoa não morasse mais lá, a ficha era botada no fim da pilha. Minha carreira no jornalismo começou num jogo de pôquer em que perdi todo o meu dinheiro.

 

ROQUE SPONHOLZ

 

Zanin, traz um aquecedor prá mim…


 

o novo JURUNA


 

previdência

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Esse troço virou mesmo um elefante numa loja de cristais…


 

GUZZO E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS

j r guzzo

O zeroberto, de longe meu jornalista preferido, mas praticamente no mesmo patamar de Augusto Nunes, Guilherme Fiuza, José Nêumanne e de alguns outros que me perdoem não citá-los, escreveu em sua coluna publicada em 12 de junho mais uma de suas diatribes. Ricardo Froes a publicou em seu Toma Mais Uma, em 10 de junho. Porém, sendo nosso público um pouco diferente, vamos a ela.


GRANDE IDEIA

A mais rica cidade do Brasil é atravessada de ponta a ponta, ao longo de quase 25 quilômetros, por um dos mais extensos, perigosos e sinistros esgotos a céu aberto do planeta — o Rio Tietê. Essa fossa, riquíssima em tudo o que pode haver em matéria de coisa podre, de lixo e de tóxicos em seu estado mais agressivo, é confinada entre avenidas gigantes dos dois lados, as célebres “Marginais”, pelas quais passam diariamente cerca de 2 milhões de veículos com toda a emissão de gás carbônico a que têm direito. Um sujeito que cair ali dentro pode perfeitamente não ter tempo de se afogar — corre o risco real de morrer envenenado antes, no meio da pasta química mortal que substitui há décadas a água corrente do rio. Nenhuma forma conhecida de vida sobrevive nesse horror. Isso é só uma parte do problema. Pouco antes de sair do município de São Paulo, em direção à sua foz, 1 100 quilômetros adiante, o Tietê encontra o canal do Rio Pinheiros — outro sério concorrente ao título de Oitava Maravilha da Poluição Urbana do Mundo, negro de imundície e igualmente ladeado por duas avenidas de tráfego insano. Sua única vantagem: é um pouco mais curto que a cloaca irmã.

Parece claro que existe aí um problema ambiental monstruoso, desses que teriam de ser resolvidos antes de quaisquer outros pelas autoridades e defensores da natureza em qualquer país mais ou menos civilizado — até porque prejudica diretamente os 21 milhões de brasileiros que moram na área metropolitana de São Paulo. Parece, mas não é. Não apenas não é: não passa pela cabeça de ninguém que possa ser assim, entre os milhares de ambientalistas, ecologistas, engenheiros ambientais, naturalistas, indigenistas, procuradores, fiscais e o resto dos burocratas que infestam as repartições de defesa do meio ambiente nos três níveis da administração. Isso sem contar, naturalmente, com as ONGs “do verde”; para essas, então, falar em poluição urbana é praticamente um crime. A única questão ambiental válida, em tal mundo, é o pacote que engloba florestas, cerrados, mangues, ilhas perdidas, fauna, flora, bagres de rio — tudo, em suma, que não inclua o ser humano, salvo se ele for índio. O Rio Tietê que se dane. O que interessa é pegar o cidadão que cortou um pé de gabiroba num sítio perdido em algum fim de mundo, ou exigir prisão inafiançável para o infeliz que matou um macaco-prego no sertão do Ceará.

O verdadeiro desastre ambiental do Brasil do século XXI não está no meio do mato, e sim na cara de todo mundo, todos os dias; não afeta sapos ou papagaios, mas mata gente de carne e osso. Centenas de cidades brasileiras com mais de 50 000 habitantes são envenenadas por rios mortos como o Tietê e o Pinheiros. Não menos que 50% da população, ou 100 milhões de pessoas, não dispõe de esgoto. Uns outros 40 milhões, possivelmente, não têm acesso a água tratada de boa qualidade. Há 3 000 lixões em pleno funcionamento em 1 600 cidades pelo país inteiro — aterros ao ar livre onde lixo e detritos de todo tipo são jogados e abandonados, sem tratamento algum. Desde 2014 não deveria mais existir nenhum lixão aberto no Brasil, por exigência da lei; só que há mais lixões hoje do que havia cinco anos atrás. Essas cordilheiras de dejetos contaminam a água, poluem o ar e envenenam o solo. Cerca de 95 milhões de cidadãos, segundo cálculos das empresas de limpeza pública, têm sua saúde e qualidade de vida diretamente prejudicadas pelo descarte do lixo no meio da população em geral.

Mas quem é que está ligando para isso, entre os autocratas ambientais? Suas paixões são outras. Em meio aos surtos que vivem tendo, tornou­-se conhecido, recentemente, o bloqueio que o Ministério Público comanda há oito anos contra a construção da linha mestra de transmissão de energia elétrica em Roraima. Como os 350 índios uaimiris — isso mesmo, 350 — que vivem nos 225 000 quilômetros quadrados de Roraima têm objeções ao linhão, o MP vem vetando sistematicamente as obras, desde sua aprovação, em 2011. Com isso, a maior parte do território do estado e seus 500 000 habitantes não recebem um único watt de eletricidade brasileira. São obrigados a depender de fornecimento importado da Venezuela — que hoje não consegue produzir nem papel higiênico, e vive falhando na entrega. Há, agora, um esboço de solução. A população de Roraima reza. O universo ecológico diz que o Brasil deveria, ao mesmo tempo, eliminar seus problemas ambientais urbanos, permitir o progresso e preservar a natureza. Grande ideia. É só executá-la.


Magu comenta: Aproveitando o texto sobre os rios em estado terminal, refiro-me a uma correspondencia que li sobre os dois rios do Recife: “Augusto dos Anjos parecia prever a morte angustiante do Rio Capibaribe pelas molestas mãos da sua gente. Recife perdeu, com o desencanto e desencontro dos rios nos encontros marinhos, seu antigo encanto de Veneza Brasileira”.

Justifica plenamente aquela velha piada que Jesus reclama com o Pai quando da formação daquele país que estaria a salvo de desastres naturais e se isso não seria uma vantagem indevida. O Pai justificou: “Deixa estar, meu filho, você vai ver o povinho que vou colocar lá”.

 

ROQUE SPONHOLZ

Adeus, João

 

 

O AVESSO DO AVESSO DO AVESSO

Carlos Brickmann

Acima o título do artigo do Carlinhos Brickmann, para este domingo. Mas antes dele, Luciana Burlamaqui, do site Sul21, escreveu em novembro de 2017, em sua página, um texto onde dizia: “A era do avesso do avesso do avesso do avesso”. E o subtítulo era: ‘Não há transparência, tudo é uma grande representação, um teatro. As máscaras e papéis variam de acordo com o tom necessário para vencer e enganar’.


Um lendário político mineiro, José Maria Alkmin [ministro da fazenda de JK (1956/8) e vice-presidente de Castelo Branco (1964/7), tio-avô de Geraldo Alkmin – info do magu], era conhecido pela rapidez em tomar providências. Ouvia o pedido (do eleitor, do parlamentar, fosse quem fosse), pegava o telefone, dizia: “Ligue para Fulano, por favor”. Pouco depois, o telefone tocava, ele atendia, pedia que a reivindicação fosse logo atendida e ressaltava seu apreço por quem a havia pedido. Todos saíam felizes da audiência. Nunca souberam que o telefone não era ligado à rede.

No momento em que ficou claro que a reforma da Previdência passaria nos moldes propostos pelo Governo, Bolsonaro sugeriu que a desfigurassem, mantendo a aposentadoria de policiais como era antes. Terá sido ingênuo, ao reduzir o porte da reforma, ou estaria, como Alkmin, falando para ninguém, num telefone desligado? Não é fácil acreditar que um ingênuo chegue à Presidência. É difícil acreditar que Bolsonaro seja esperto o suficiente para enganar as raposas do Centrão e proximidades. Político não é infalível, mas estes, especialmente, ganharam fama por ser matreiros, difíceis de enganar.

Dizem que Bolsonaro é tosco. Mas, depois de uma carreira parlamentar longa e discreta, foi ele que superou caciques como Alckmin e Haddad, o Lula sem barba; e, montado num partido nanico, superou PSDB, PMDB, PT e outros mamutes. Esperto ou ingênuo? É preciso esperar: só o tempo o dirá.

Mas, se não estiver sendo esperto, por que tentou convencer o juiz a desmarcar o pênalti a seu favor? Em política, um erro assim seria inaceitável.

A verdade das sombras

Em política, o jogo de sombras é tão importante quanto o mundo real. É verdade não o que realmente ocorreu, mas o que parece ser verdade. Jogando este jogo, Getúlio Vargas, que foi ditador, que implantou uma Constituição baseada na Carta fascista da Polônia, que louvou, num célebre discurso, os novos tempos que se iniciavam com a entrada das tropas nazistas em Paris, passou à História como político de esquerda.

É um mundo estranho. Alguém que pergunte quem foi o político mais hábil, Alkmin ou seu parente paulista Geraldo Alckmin, sempre terá a resposta Alkmin. Mas Alckmin foi quatro vezes governador de São Paulo, duas vezes candidato à Presidência (embora derrotado); Alkmin não chegou ao Governo de Minas e foi vice-presidente (indireto) do marechal Castello Branco, sem direito real a tomar posse.

Posto em silêncio

Outro fato a considerar é o silêncio do ministro Paulo Guedes, o Posto Ipiranga de Bolsonaro. Embora a reforma da Previdência que se desenha não seja a sua, ele a aceita porque também deve gerar economias de R$ 1 trilhão em dez anos. Por que nada falou quando Bolsonaro propôs que uma fatia do trilhão seja retirada? De duas, uma: ou não acredita que a proposta seja para valer ou acredita que pode passar à História como o grande reformador da Economia brasileira. Talvez acredite. Mas, se a economia brasileira gerar empregos e for competitiva, o herói histórico será Bolsonaro, não ele.

E agora?

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, coordenador de fato da marcha da reforma, acha que os deputados podem votá-la, em dois turnos, até o dia 18, último antes do recesso. Mas parlamentares do Centrão falam em votar só em primeiro turno, deixando o segundo para o próximo semestre e vendo o que é possível arrancar a mais do Governo. Parlamentares (em especial do PSL de Bolsonaro), a favor de manter policiais fora da reforma, também podem tentar atrapalhar a votação. Se Bolsonaro se mover, a reforma passa, sem que nenhuma facção consiga adiar a votação. Aí só faltará o Senado.

A voz de quem vota

Bolsonaro falou em retirar os policiais da reforma, mas, na opinião dos eleitores, ninguém deve ter normas mais amenas que as gerais. Pesquisa do Ibope, por encomenda da CLP – Liderança Pública, mostra que 79% dos pesquisados querem normas de aposentadoria iguais para todos. Para 82%, é preciso sacrificar-se agora para garantir a aposentadoria das gerações futuras.

Os mais iguais

Enquanto a população aceita sacrifícios, há setores que só pensam em faturar mais. O Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, mostrou que em dois anos as tarifas bancárias subiram muito mais que a inflação: o dobro, ou quase isso. Foram medidos 70 pacotes de serviços dos cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander). O aumento médio foi de 14%, contra 7,45% de inflação no período. Houve pacotes que subiram 50%. Um deles atingiu 89%, onze vezes superior à inflação. Bancos oficiais elevaram as tarifas tanto quanto os privados, o banco estrangeiro se comportou como os nacionais.

Seja estatal ou privado, nacional ou estrangeiro, o fato é que banco é banco.

Mais sombras

Viu o vídeo de Bolsonaro num hotel barato, no Japão? É real – mas velho. Do início do ano passado, quando era candidato e viajou com os filhos.

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FIUZA

Guilherme Fiuza

Quem foi que disse que a imprensa de Pindorama é livre? O cacete! Há jornalistas que ainda são perseguidos pela grande imprensa, caso de Guilherme Fiuza.
Felizmente Augusto Nunes, “O” jornalista, deve ter o saco roxo, como dizia ter o Collorido, esse que está agora denunciado por peculato na BR Distribuidora (O petróleo é nosso! Nosso quem, tupiniquim? Talvez do PT, tal a esbórnia que eles produziram lá) e que a PGR pede 22 anos e 8 meses de prisão para ele. Quem sabe desta vez ele vá para a Papuda?
E Augusto encara a direção de Veja, e tem o bom gosto de reproduzir o artigo de Fiuza.


                     A conspiração Tabajara

Os Napoleões tupiniquins

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Napoleão Bonaparte

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, declarou que, se fosse parlamentar, Sergio Moro estaria preso. Nenhuma autoridade ou figura pública relevante jamais havia se referido ao ex-juiz e atual ministro da Justiça dessa forma. Nem os arapongas do Lula fantasiados de jornalistas investigativos, que saíram à caça aberta do homem que simboliza a operação Lava Jato, falaram em prisão de Moro.

Na operação teatral mais tosca da história da República, o Supremo Tribunal Federal se reuniu para julgar um habeas corpus para o ex-presidente Lula — condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em três instâncias — baseado num pedido de suspeição de Sergio Moro, o juiz responsável pela primeira condenação. E a mais alta corte do país se dispôs a considerar a suspeição de Moro a partir de mensagens de telefone roubadas, de autenticidade não comprovada e de conteúdo sem qualquer traço de desvio do processo legal. Contando ninguém acredita.

E o que o presidente do Senado tem a ver com essa presepada? Tudo. Ele deu sua grave declaração sobre a hipotética prisão de Sergio Moro no exato momento e na afinação perfeita com o araponga do PT que apresentava na Câmara dos Deputados seu número circense sobre Lula inocente/Lava Jato criminosa. Uma orquestra obscura tentando dar a trilha sonora para o STF libertar na mão grande o maior ladrão do país. O que o Brasil assistiu no dia 25 de junho de 2019 foi uma conspiração — vagabunda e patética, mas real e escancarada.

Por uma coincidência atroz, enquanto Alcolumbre, arapongas e despachantes fantasiados de juízes tentavam desmoralizar a operação histórica que prendeu Lula, a própria Lava Jato contabilizava nova façanha: mais uma restituição bilionária de dinheiro roubado aos cofres públicos — sendo cerca de 800 milhões de reais só para a Petrobras, a maior empresa do país que a bandidagem petista passou a vida jurando defender para poder devorá-la. O novo acordo de leniência com duas empresas envolvidas no petrolão contemplou inclusive devolução de dinheiro para o governo dos Estados Unidos — país do sabotador petista que diz que a Lava Jato foi uma armação de Moro.

O mundo nunca viu uma armação resultar em acordos judiciais para devolução de bilhões de reais às vítimas de um assalto. Vai ver esse ex-juiz é feiticeiro.

Essa conspiração Tabajara não quer atingir só a Operação Lava Jato. Repare que, além de Moro, o ministro da Economia Paulo Guedes também tem sido alvo frequente dos mesmos personagens — Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia à frente. Os presidentes do Senado e da Câmara se revezam em ataques súbitos e gratuitos ao comandante da reforma da Previdência e da agenda de recuperação fiscal do país. Maia repete aos seus amigos na imprensa que o Brasil não deve “dar bola” a Paulo Guedes — ninguém menos que o homem conhecido como “Posto Ipiranga”, desde sempre o lastro da candidatura que venceu com mais de 57 milhões de votos.

Rodrigo Maia acha que seu plantão de intrigas na Globo News é suficiente para avacalhar a vontade do povo e a representação que ele escolheu.

O que se tem na verdade é uma equipe técnica altamente gabaritada no poder Executivo, sob a liderança de Guedes, tocando a agenda de reconstrução que o país pede há muitos anos. Os parasitas, que só pensam naquilo, morrem de medo de ficar sem os dividendos políticos dessa retomada — como se deu no Plano Real, que deixou a orquestra demagógica dos falsos progressistas tocando para ninguém. Por isso o arrivista Rodrigo Maia tenta desmoralizar dia sim e outro também Paulo Guedes, o primeiro ministro da história a ter seu nome gritado pelo povo na rua.

Maia e Alcolumbre, de mãos dadas com viúvas do lulismo e supremos picaretas, tentam espalhar o slogan de que o governo é uma “usina de crises” — e eles, os parasitas, são os pacificadores. Essa usina de crises tem todas as metas de infraestrutura cumpridas nos primeiros seis meses, com mais de duas dezenas de leilões e concessões de transportes — fora a abertura do setor de gás para desatolar o crescimento. Janelas de oportunidade como essa se abrem de vez em quando — no primeiro mandato de FHC, nos primeiros dois anos de Lula e no pós-impeachment de Dilma foram as últimas — e o Brasil parasita sempre sai correndo para fechá-las.

Como se vê nas ruas, dessa vez o povo parece estar mais atento para impedir que os sorridentes sabotadores lhe tomem o que é dele.


 

Grifos por magu.

A imprensa do sul maravilha não deu, mas o Diário do Amapá deu.

Procurador eleitoral emite parecer pela cassação do diploma de senador de Davi Alcolumbre

Em parecer encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com data de 26 de abril de 2018, o vice-procurador-geral eleitoral Humberto Jacques de Medeiros opina pela cassação do diploma do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), e de seus suplentes Josiel Alcolumbre e Marco Jeovano Soares Ribas.

O parecer está no recurso ordinário interposto pela Coligação “A Força do Povo”, que teve Gilvam Borges (MDB) como candidato ao Senado, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP).

E para terminar, eles apenas esqueceram que Bonaparte foi exilado para a Ilha de Santa Helena.

ROQUE SPONHOLZ AOS BORBOTÕES

 


 

 


 

 


 



 


 


 

Léo Pinheiro enterra Lula no sítio de Atibaia

Léo Pinheiro acaba com a farsa do gringo da intercePT e enterra Lula no sítio de Atibaia.

https://www.oantagonista.com/brasil/a-carta-e-devastadora-para-lula/


bebeu ?


 

LULA É LADRÃO ?

Epa! Pera aí. Não sou eu quem responderá à pergunta. Isso é de acordo com José Nêumanne Pinto, jornalista, poeta e escritor brasileiro, editorialista e articulista de O Estado de S. Paulo, comentarista diário na Rádio Estadão e colunista do Instituto Millenium. Em 1976, foi agraciado com o Prêmio Esso de jornalismo econômico.

Eu não tenho um jornalão para me cobrir as costas juridicamente para fazer tal afirmativa, apesar de acreditar piamente em terceiros que dizem isso. Vamos ao que o zé parahibano porreta publicou em 24 de abril.


Da Silva

LULA É LADRÃO, CONFIRMA STJ

Além de reduzir pena do petista, terceira instância manteve condenação da primeira e da segunda, negou transferi-lo para justiça eleitoral e que Moro se teria mostrado parcial ao aceitar ministério de Bolsonaro

Por unanimidade, a 5.ª Turma do STJ reduziu a pena de Lula, mas, no mesmo julgamento, reconheceu que ele, de fato, é ladrão e lavador de dinheiro, como foi sentenciado por Moro na primeira instância e pelo TRF-4 na segunda, ao recusar todos os outros pedidos de sua defesa.

A pena inicial de 9 anos e meio caiu para 8 anos e 10 meses, ou seja, só 8 meses menor. Além disso, manteve as condenações nas duas instâncias, negou a remessa dos autos para a Justiça Eleitoral e a alegada parcialidade do juiz Moro por ter aceitado ser ministro da Justiça de Bolsonaro, adversário do réu.

É o que se chamava antigamente de barba, cabelo e bigode.

Direto ao assunto. Inté. E só a verdade nos salvará.


Grifos por Magu

 

ROQUE SPONHOLZ

E então…


 

sabe quando?


 

de acordo com o acordo…

 

 


 

Um cartoon