ASTROLOGIA ANO ZERO

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Quando eu percebo que a política está me dando no saco, nestes tempos principalmente, em que temos um presidente novo que não faz a política como todos os outros faziam, com troca conhecida como ‘toma lá dá cá’ (em termos), porque percebeu claramente que o povão se encontra desiludido dos ‘paralamentares’ em quem erradamente votou, por verificar que grande parte deles são picaretas, como acertadamente o novededos os classificou tempos atrás {“Há uma maioria de 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses.” A frase sobre o Congresso, dita em setembro de 1993 (um de seus raros acertos) depois corrigida em 2009, “O resto é gente boa”}, eu gosto de fugir do assunto, para refrescar os neurônios, ou melhor, as sinapses, que às vezes esquentam. Então acho matérias que nada tem a ver com política, como este ensaio de astrologia, um pouco longo (afinal, é um ensaio), mas muito bem escrito e perfeito para o que pretendo, pois estou realmente cansado da política tupiniquim…


POR QUE A ASTROLOGIA VOLTOU A SER POP

Qual é o possível motivo da nova popularização do Zodíaco, especialmente forte entre os millennials

Por Lauren Oyler para “The Baffler” (O defletor), com tradução de Mariana Nântua para Época

Este ensaio deveria ter sido entregue em 6 de novembro de 2018, mas não o terminei a tempo. Posso listar vários obstáculos enfrentados — compromisso desenfreado, medo do fracasso, angústia antecipada devido à diferença entre o texto na minha cabeça e aquele que aparece na página, na verdade, eu realmente fiquei bem doente —, mas mesmo juntos esses motivos não explicam por que eu ainda não o escrevi. (Hoje é 13 de novembro.) Nessas condições, não há muito o que fazer além de gastar mais dez minutos em uma atividade inútil e estúpida, o que significa que Urano entrou em Áries na tarde de 6 de novembro, ativando traços rebeldes que apareceram pela última vez em abril e maio desse ano — que foi, curiosamente, mais ou menos na época em que eu atrasei a entrega de outro texto para The Baffler . Mas não atrasei desse jeito — como sou leonina, normalmente a promessa de atenção trazida pela publicação me motiva. (Tenho ascendente em Virgem, também, o que dá a impressão de que estou no controle das coisas, e isso é algo que, sendo leonina, orgulhosa e preocupada com impressões, anseio em manter.) Sabendo que eu, realmente, deveria ter começado a escrever este ensaio dias antes de 6 de novembro, consigo ver que a Lua em Libra em quadratura com Plutão catalisou disputas de poder no dia 5 e bloqueios de comunicação eram possíveis no dia 4. Esse era para ter sido um bom mês para mim, mas essa previsão apenas se aplicava, infelizmente, a minha vida amorosa.

É difícil escrever sobre astrologia — a ideia era escrever sobre astrologia, examinar a natureza de sua fama hoje em dia — porque as duas perguntas que o tópico mais desperta são “Ela está falando sério?” e “Quem liga?”. Uma amiga diz que minha Lua em Gêmeos é a provável culpada por minha falta de habilidade ao escolher um argumento para este texto, mas de qualquer forma, eu não sei bem como responder a qualquer uma dessas perguntas, porque a última depende da primeira e porque determinar a seriedade (ou não) do ponto de vista declarado de uma pessoa requer uma lista detalhada, levando em conta o autor, sujeito, contexto e microcontexto (que piadas fizeram sucesso naquele dia nas redes sociais). Hoje em dia, as mulheres — elas são maioria — dos horóscopos também se levam muito a sério; dão mais detalhes e são mais astronomicamente informativas do que as mensagens de biscoitos da sorte ostensivamente personalizados encontradas em jornais e revistas, fáceis a ponto de justificar ser um ritual diário sem sentido. A autoridade do astrólogo contemporâneo alterna-se entre o especializado (o duradouro Astrology Zone , de Susan Miller; e Annabel Gat, da Broadly ) — falando em tons amigáveis e diretos sobre coisas como a posição de Júpiter e aspectos geométricos — e os poéticos-místicos (Astro Poets e Madame Clairevoyant, do The Cut ) — parecendo ser escritos por um médium em Los Angeles recebendo mensagens deturpadas de Elizabeth Bishop. O famoso aplicativo Co-Star — que usa sua data, local e hora de nascimento para gerar algoritmos de previsões longas, “hiperpersonalizadas” e no estilo koan em cada uma das dez (dez!) áreas da vida (transcendência, inovação, amor & ternura, pensamento & comunicação, transformação intensa, responsabilidade & limites, sexo & agressividade, ego & identidade, mundo emocional, crescimento & progresso) — junta os dois. Também permite que você compare seu mapa astral — um diagrama sobre a relação do Sol, da Lua e dos planetas com seu local de nascimento no dia de seu nascimento — com o mapa astral de amigos para descobrir sua compatibilidade em todas as áreas da vida. Ele produz horóscopos diários tão longos que normalmente não consigo terminar de ler, embora muitas vezes fale preciosidades do tipo “O momento presente é o próprio inferno”, mensagem mandada para mim no meu aniversário, quando acordei de um sono mal dormido, curto e bêbado num apartamento sem ar-condicionado em Berlim, que registrava uma onda de calor.

O algoritmo do Co-Star incluiu “O momento presente é o próprio inferno” em meu horóscopo em várias ocasiões diferentes, e isso não o torna menos verdadeiro. Este é o fundamento em voga da astrologia detalhada: como na ficção, sua falsidade permite que ela habite uma verdade intuitiva e volátil. Em 2016, uma coluna simpática da n+1 chamada “Situação intelectual” datava o começo da nova Nova Era mais ou menos em 2012 — claro, por que não? — antes de argumentar que a astrologia é capaz de ser adorada porque é explícita e obviamente falsa, dentre as “alternativas paliativas e extravagantes a teorias existentes de subjetividade — alternativas tão seguramente inseguras que pelo menos parecem honestas e menos predispostas a nos enganar do que aquelas que chegam à guisa de religião, teoria e política”.

Uma versão mais cínica desse argumento pode ser encontrada em textos da moda sobre astrologia, que proliferaram conforme o interesse real nessa prática tornou-se rastreável, desde espaços em blogs e redes sociais alternativas, passando por contas de memes populares e astrologia viral, até produtos na Urban Outfitters: a internet é o terreno fértil ideal de irracionalidades frívolas que incorporam a construção de caráter narcisista da marca pessoal. (Os anos 1970 também voltaram.) “Não é ciência!”, declaram diligentemente os textos famosos, sem realmente pensar que alguém acharia que fosse. Não, é “um fenômeno cultural ou psicológico”, de acordo com um cientista cognitivo social entrevistado pelo The Atlantic . Artigos como “A astrologia quase não tem base científica. Mas as pessoas amam-na mesmo assim” ( Vox ) ou “Astrologia é difícil, mesmo sendo falsa” ( New York Times ) tentam explicar a não piada: astrologia é interpretação por cima de mitos, por cima de um sistema lógico totalmente concretizado, mas completamente distinto do reino material, tudo isso coberto com autoescavação terapêutica e desespero existencial.

Sua popularidade faz sentido se você pensar em como os millennials da geração X são estressados: sem estabilidade econômica, separados da religião e profundamente confusos quanto ao que é ironia e se é aceitável — e, se estamos de fato empregando-a no momento, somos atraídos pela ideia de um sistema de governo celestial tanto quanto nos atrairíamos por uma iconografia kitsch que daria uma tatuagem decente. Também procuramos por um sentimento de comunidade ou, pelo menos, reconhecimento das pressões e condições mútuas. Assim como reclamar do mau tempo ou do metrô de Nova York, as queixas coletivas sobre Mercúrio retrógrado promovem um sentimento de associação quando as coisas estão fora de nosso controle. A vida é mesmo muito difícil, e, embora o tom dos conselhos dos horóscopos esteja mais complicado, eles ainda têm a mesma inclinação sedutora e razoavelmente esperançosa que os colunistas de jornal lhe davam: as fases ruins passarão depois de uma certa data, para conduzir uma nova e emocionante série de efeitos planetários.
O controle persistente do “otimismo pop” sobre críticas culturais removeu vários obstáculos no caminho até a aceitação astrológica que a pessoa às vezes lúcida pode encarar: é bastante ok gostar de coisas estúpidas, contanto que você as analise exageradamente. A adoração de celebridades harmoniza bem com a astrologia; pensar em Beyoncé como uma virginiana é imaginá-la como nós, sujeita às mesmas forças. Um interesse ressurgente na Escola de Frankfurt fortaleceu essa estrutura permissiva do leitor pensante, embora Adorno, em As estrelas descem à Terra , tenha escrito que astrologia representa uma aproximação ao totalitarismo apelando a pessoas medianas, à pessoa que “tem vontade vaga de entender e também é levada pelo desejo narcísico de se mostrar superior às pessoas simples, mas não está em uma posição tal que lhe permita empreender operações intelectuais complicadas e distanciadas”. Não importa — Adorno estava errado sobre muitas coisas. Não é que concordo com ele, mas sou capaz de lê-lo.

“Como muitos outros fenômenos culturais, o perigo aparente da astrologia não está em sua prática atual, mas em sua futura aplicação hipotética feita por idiotas”

Até recentemente, minhas opiniões sobre o zodíaco eram despreocupadas, casualmente aprovando-o. Cresci lendo meu horóscopo em revistas para adolescentes — minhas iniciais são L.E.O., talvez uma predisposição para eu agir como uma leonina — e trabalhei na Broadly, onde horóscopos geravam uma porção significativa de nosso tráfego mensal. Quando as pessoas apontavam que, já que era um site para mulheres, publicar horóscopos era machista (dando a entender que mulheres eram malucas e insípidas), eu revirava os olhos. Você está falando sério? Quem liga? Nossa linha era a seguinte: mulheres são capazes de discernir coisas divertidas e inofensivas de coisas que de fato moldam o mundo; o interesse da mulher por astrologia era tipo o interesse do homem por esportes, tirando a ameaça de ferimentos no corpo. Inclusive, pode-se argumentar que o sentimento veementemente antiastrologia é que é machista.

Como muitos outros fenômenos culturais, o perigo aparente da astrologia não está em sua prática atual, mas em sua futura aplicação hipotética feita por idiotas, e eu costumo acreditar que a tendência discursiva condescendente que atende às necessidades do leitor mais burro possível ao prever graves consequências socioculturais de atividades inócuas é mais um resultado de um desejo de parecer um delator que sabe de alguma coisa do que de salvar a sociedade da barbárie. O que e como você pensa realmente molda de forma significativa sua própria existência, mas, a não ser que você seja famoso, não afeta o resto do mundo e, no mínimo, astrologia fornece uma perspectiva interessante para você se lembrar disso; no macro não importa, mas pode ajudar no micro. Embora eu tenha tentado, não consegui arranjar a emoção para encontrar, nas estrelas, algum resíduo pernicioso legítimo de machismo, autoritarismo ou outro flagelo político; Nancy Reagan consultou a astróloga Joan Quigley em diversas ocasiões e passou seus conselhos para o presidente, mas geralmente para agendar coisas que aconteceriam de qualquer forma: debates, coletivas de imprensa, discursos, viagens. Muitas coisas na vida são arbitrárias — datas de casamento, o momento em que você finalmente cede e compra um computador novo ou uma passagem de avião, a hora do confronto de seu marido com Jimmy Carter. Por que não usar parâmetros de mentirinha sobre aspectos astrais para ajudar a restringir o interminável e inútil tempo? Para o entusiasta hardcore, com o software e os mapas, a astrologia é, quando muito, um hobby complexo, convertido em lucro modesto apenas em seu nível máximo, assim como ser tradutor de línguas escandinavas ou escritor freelancer. Achei que o resto das pessoas receptivas à astrologia fosse como eu: acreditando quando a previsão é boa e somente durante o tempo que leva para ler o horóscopo. “Sei tanto sobre astrologia”, me contou uma outra amiga, triste. “Queria que fosse verdade.”

Se a vida fosse controlada pelo movimento dos planetas, não acho que as coisas seriam muito melhores. Mas a astrologia não é irreal e se torna cada vez menos com o tempo, por causa de atitudes bem-intencionadas, como a de minha amiga. Astrologia é como as redes sociais, ou Donald Trump, ou autoficção, ou reality shows: uma força cultural desestabilizada, promovida por uma elite da mídia que diz entendê-la, movida por níveis flutuantes de seriedade e rigor, algo que paralisa o desenvolvimento de uma realidade compartilhada ao ser confusa e tautologicamente apenas aquilo que é. A verdade literal dessas coisas deveria ser irrelevante, mas ela nunca consegue ficar de fora; a possibilidade do fato inevitavelmente contamina as coisas. (Claro que o conselho de levar Trump “a sério, mas não literalmente” não funcionou muito bem.) De acordo com Adorno, “a astrologia tende a eliminar a distinção entre fato e ficção: seu conteúdo é muitas vezes exageradamente realista, ao mesmo tempo que sugere atitudes baseadas em fontes inteiramente irracionais, como o conselho de evitar fechar negócios em determinado dia. Embora a astrologia não tenha uma aparência tão extravagante quanto aquela dos sonhos ou delírios, é justamente essa razoabilidade fictícia que permite aos impulsos delirantes abrirem caminho para a vida real sem se chocar abertamente com os controles do ego”.

Os caridosos editores da n+1 resistem a essa conclusão: eles sugerem que há um desejo honesto, hoje em dia, de localizar, explicar exatamente por que as pessoas e as coisas são do jeito que são, e o tipo de pensamento instigado pela astrologia pode preencher as lacunas que o marxismo, o feminismo e a psicologia, entre outros, deixaram vazias. O caráter é tão real quanto a astrologia, então o fato de ela própria não conseguir explicar nada é irrelevante: os arquétipos do zodíaco são apenas “suplementos de outros pontos de vista”, um “revestimento” que pode destacar certos traços ou comportamentos, uma maneira de reconsiderar a própria vida e “lembrar você da complexidade de uma pessoa”. No entanto, os editores da n+1 não estavam na mesma festa que eu, no verão, onde ouvi por acaso alguém dizer, usando um tom de epifania pessoal, que ele sempre havia acreditado que era solícito e acolhedor porque era judeu, mas recentemente havia percebido que era por algo bem mais profundo: ele é de Câncer.

Ele estava falando sério? Se sim, quem liga? Adorno viu a apreciação qualificada da astrologia — aceita “com um tipo de reserva mental, certa jocosidade que tolerantemente reconhece sua irracionalidade básica e a própria aberração ( do adepto )” — como um indicativo de uma passividade crescente em relação à maneira como as coisas são, um resultado da “opacidade do mundo social de hoje, que exige atalhos intelectuais” e da facilidade de se submeter ao pseudointelectualismo. Eu teria chamado de escolher suas batalhas — o verdadeiro teste da irrelevância não é se algo o enfurece porque não deveria existir, mas se desperta indiferença, e era tão legal não se importar com algo que não tinha importância. Mas o canceriano da festa pareceu representar um desvio da experiência comunal de condições humanas instáveis simbolizadas pela astrologia e adentrou um tipo de narrativa pessoal delirante que não tem nada a ver com o mundo no qual o resto de nós vive.

Adorno faz uma quadratura — usando um termo astrológico — da ênfase de realizar decisões em horóscopos com a aspiração patológica de seus leitores de viver a vida passivamente sob o argumento de que eles lhe permitem distanciar-se de si e, assim, justificar seus ímpetos delirantes; a astrologia representa um desejo por uma “autoridade abstrata” benevolente que criaria a ilusão da liberdade, algo que, se você ouve seu horóscopo, consiste “em que o indivíduo tome voluntariamente como seu aquilo que, de qualquer maneira, é inevitável”. Mas os amantes da astrologia de hoje sentem menos necessidade de mascarar sua auto-obsessão; eles saboreiam-na, vangloriam-se dela nas redes sociais, até declaram que ela é política.

Adorno estabeleceu uma (pequena) distinção entre a coluna de jornal de interesse geral, que era o foco de seu estudo, e os horóscopos mais detalhados em revistas de astrologia, que envolviam “jargões” e eram sem dúvida menos abstratos, pois “tentam, com certa violência, defender o ‘status’ ( da astrologia )”; os novos entusiastas de hoje se parecem mais com esse último, levianamente citando uma nova Lua em Sagitário ou o poder perturbador de um eclipse enquanto queimam sálvia para purificar seus quartos. A granulosidade crescente pode promover a pseudorracionalidade em níveis altos, mas o atrativo maior está no fato de permitir a “hiperpersonalização” — a sensação de que uma pessoa é especial. É por isso que astrologia se harmoniza tão bem com redes sociais e namoro. Usados como uma desculpa para dar em cima de um jeito meio antiquado ou como uma pergunta de perfil num aplicativo de paquera, os signos sempre foram uma estratégia para comunicar um discreto conjunto de qualidades sob seu controle. Se eu digo que sou leonina — e, já que sou leonina, não estou realmente dizendo, mas anunciando ou declarando —, posso pular o esforço social enfadonho de desenvolver relacionamentos com pessoas que virão a me conhecer como eu de fato pareço. Posso plantar, em suas mentes, a ideia de que sou passional, corajosa e gosto de acessórios exagerados. Agora, a não ser que isso seja básico, conhecer meu mapa astral completo é um atalho para comunicar minha natureza multifacetada, tão complexa que apenas um algoritmo pode prevê-la. O fato de a verdade literal desse empreendimento influente ser irrelevante significa que sua ficção elegante também é.

O efeito da astrologia contemporânea e de outros fenômenos “sérios mas não literais” não tem suplementado o entendimento do ser humano, como pretendeu a classe da mídia que acomodou e deu plataforma a essas coisas. Ao contrário, humanos parecem ser mais e mais personagens, com uma série de atributos que reivindicam ao agir como sua própria autoridade abstrata. Coloque uma moda inocente nas redes sociais e ela se transformará, inevitavelmente, num refrão perturbador, o tipo de coisa que o finado crítico Mark Fisher chamou de “sinistro”, encontrado “em paisagens parcialmente esvaziadas do humano”: “O que aconteceu para produzir essas ruínas, esse desaparecimento? Que tipo de entidade estava envolvida? Que tipo de coisa era essa que emitia um grito tão sinistro?”. Como podemos ver nesses exemplos, o sinistro está fundamentalmente ligado a questões de agência. Que tipo de agente está agindo aqui? Sequer há um agente?

Fisher identificou o capital como tipicamente sinistro — “conjurado do nada”, ele “no entanto exerce mais influência do que qualquer entidade supostamente substancial”. A astrologia em si não se encaixa nessa descrição — vem da tradição e do mito, não exerce influência mensurável ou material e está cheia de humanidade nos impulsos aos quais responde. Mas as forças que movem sua intensa popularidade — os vários tipos de capital em redes sociais — são estranhas e não têm fonte. Memes sobre a #temporadadeescorpião e as lamentações quanto a Mercúrio retrógrado são lidos menos como humanos fomentando a conexão e mais como gritos sinistros emitidos dos estágios finais da transição da espécie em usuários de iPhone robóticos e místicos, dividindo-se em perfis demográficos astrológicos, não mais participantes de uma não piada coletiva, mas “praticantes”.

A nova astrologia é tudo menos passiva, mas, no entanto, ela rejeita agência verdadeira, não sugerindo que as estrelas estão no controle, mas insinuando que assumir o controle é fácil, uma questão de identificação. Lendo meu horóscopo de Susan Miller para novembro, o pânico do prazo perdido reverberando em minha mente, parei em um conselho, sobre o fim de Vênus retrógrado, ao qual eu poderia dar uma utilidade: “Não lance um produto que é interessante às mulheres antes de 16 de novembro — Vênus comanda as mulheres (Marte comanda os homens.)”. Certamente um ensaio sobre astrologia conta.

 

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