BOLSONARO E A MULHER BÊBADA

Percival Puggina – 

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Percival Puggina


Sou cauteloso em relação às redes sociais, ou seja, sei que elas compõem um ambiente onde tudo ou quase tudo vale. Nele se torna impositivo, portanto, discernir a boa fonte, a começar pela linguagem, seguindo pela forma, passando pelo conteúdo e pela checagem do fato, quando houver fato envolvido. Convenhamos que isso não é muito diferente do que se deve fazer em relação a tantos veículos e profissionais da mídia tradicional, especialmente quando se trata de juízos e opiniões. É principalmente nesse território, até bem pouco dominado pelos tradicionais meios de comunicação, que se vão encontrar as mais escandalosas manipulações, construídas para induzir o público a se afastar da verdade e do justo discernimento em relação aos fatos.

Nesse sentido, as redes sociais, sites e blogs promoveram importante democratização no direito de opinião, com enormes ganhos à sabedoria e à burrice nacional. Acabou o monopólio do direito de opinião. Quem abastece seu espírito com beleza e sabedoria, sai bem servido. Quem busca mediocridade e grossura, idem. Também isso é democrático.

Ao noticiar o caso da mulher que assediou Jair Bolsonaro no aeroporto de Congonhas, quase todos os jornais que li instilaram sua dose de veneno contra o candidato afirmando que ele “se escondeu no banheiro”, ou que “se refugiou no banheiro” ao ser xingado por uma mulher, ou que “se envolveu numa confusão (segundo alguns relatos) ou numa discussão (segundo outros)”, ou que a tal mulher “chegou a se jogar no chão” (quando, na verdade, caiu de bêbada) e por aí andou a criatividade das distorções. Quem “se envolve” é sujeito ativo do envolvimento. Portanto, o candidato seria sujeito da confusão e não objeto do escarcéu armado por alguém fora de si. Resumo da opereta segundo quase todas as matérias que li: o machista Bolsonaro foi xingado por uma mulher, se envolveu em encrenca e teve que fugir para o banheiro…

O fato, porém, foi inteiramente filmado e o vídeo que a tudo isso desmente está disponível no YouTube. Mostra uma mulher não identificada (mesmo passados tantos dias), num pileque como raramente se vê igual, ou atuando como tal, berrando palavrões na sala de embarque, tentando, durante quase dez minutos, se aproximar do candidato e invadir o banheiro onde Bolsonaro prudente e adequadamente entrou.

O momento atual, no meu modo de ver, é muito prematuro para escolher candidato presidencial. Mas algo está a me dizer que quem suscita tão articulada animosidade entre pessoas intelectualmente desonestas, algum mérito deve ter.


* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site http://www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

ATAQUES À DESVANECENTE DEMOCRACIA

Almir Quites

Almir Quites

Almir Quites


Falcatrua já é trabalho!

Na maior irresponsabilidade, três deputados do PT — Wadih Damous, Paulo Teixeira e Paulo Pimenta — impetraram Habeas Corpus meia hora (meia hora!!) depois de começar o plantão do desembargador Rogério Favreto, o qual foi (na verdade, é) militante do PT, partido do qual foi filiado por 20 anos.

De acordo com a assessoria de imprensa do tribunal, o plantão de Favreto começou às 19 horas de sexta-feira e terminou às 11 horas de segunda-feira. Os deputados federais ingressaram com a ação na sexta-feira, às 19h 32′, conforme o sistema de acompanhamento processual do tribunal.

Os três deputados viajaram imediatamente para Curitiba. Quando saiu a notícia do despacho ordenando a soltura, eles já estavam na frente da carceragem em Curitiba.

É óbvio que tudo foi previamente armado com o desembargador, o qual foi apenas mais um homem-bomba disposto a sacrificar sua reputação para ajudar o “ídolo sagrado de nove dedos” a fazer o milagre do teletransporte para a liberdade ou foi algo ainda pior, um negócio escuso tramado nos subterrâneos da política e envolvendo muito dinheiro?

O Desembargador Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), não tem competência para libertar Lula, principalmente em regime de plantão, porque esta liberdade já foi negada por órgãos colegiados superiores, nominalmente, pela 8ª Turma do TRF4, pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal. O próprio CNJ já definiu que o plantão “não se destina à reiteração de pedido já apreciado no órgão judicial de origem ou em plantão anterior, nem à sua reconsideração ou reexame”. Não se trata de um simples erro de interpretação das leis, mas de evidente dolo. Portanto, o Desembargador Rogério Favreto deveria ser punido.

Acrescento que o Conselho Nacional de Justiça já registra cinco processos disciplinares contra o desembargador Rogério Favreto.

Não contentes em escarnecer com toda a ordem democrática nacional para que as instituições se submetam aos caprichos de um partido, um grupo de advogados do PT também pediu a prisão de Sérgio Moro. O processo judicial vira instrumento de propaganda e manobras políticas.

Tudo isso decorre com o monstruoso aparelhamento do Estado, que foi empreendido pelo PT, nomeando juízes amigos e ministros dos tribunais superiores. Não há limites éticos para os militantes fanáticos.

Em 13 anos no poder, a seita petista nomeou sete dos 11 ministros do STF, entupiu os tribunais regionais de obcecados ativistas e também os difundiu em escolas e universidades para alucinar sugestionáveis com discursos demagógicos e hipócritas. Se tivessem permanecido no poder por mais uns cinco anos, teriam aparelhado até as minúsculas alçadas dos três poderes da República. Quem disse que os três poderes são independentes?

As abomináveis peripécias jurídicas de ontem indicam que os próximos meses estamparão um clima de “queima de estoque” de ardis por parte da malandragem petista e seus aliados.

A democracia no Brasil já é uma farsa. O que resta da fogueira democrática são as brasinhas ainda acesas entre juízes de primeira e segunda instâncias do poder judiciário, e entre jovens procuradores e policiais federais do poder executivo.

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ROQUE SPONHOLZ

mal, muito mal…00rs0709ars

um elefante incomoda muita gente…00rs0709brs

Grande PF !00rs0426drs

EM PINDORAMA, 2 + 2 = 22. É A ARITMÉTICA (*) TUPINIQUIM.

Mais um inenarrável cometimento do notável articulista, e o Gil já está me chamando de Maguzzo.

joserobertoguzzo


J R Guzzo, em VEJA de 11/07/2018, edição nº 2590, via fsavi.com.br

Entre tudo o que está torto no Brasil de hoje, uma das coisas mais esquisitas, sem dúvida, é a facilidade que as pessoas mostram para conviver 24 horas por dia com todo tipo de absurdo. Pense numa aberração qualquer: ela vai estar bem na sua frente. Talvez seja parecido em algum fundão da África, mas aqui deveria ser diferente. Afinal, o Brasil é um país metido a ser “sério”, não é mesmo? Temos “instituições”, política externa independente e Banco Central. Temos analistas políticos e comunicadores bem informados. Tivemos, até, um sociólogo como presidente da República. Mas qual o quê: quanto mais pose o Brasil faz, maiores e mais agressivos são os disparates que está disposto a aceitar. 

Não é preciso nenhum esforço para obter provas materiais, imediatas e indiscutíveis dessa degeneração. Daqui a pouco tempo, só para ficar num dos exemplos mais espetaculares de alucinação colocados à disposição do público no momento, o ministro Dias Toffoli vai assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal. Isso quer dizer o seguinte: o mais elevado tribunal de Justiça do país está à beira de ser presidido por um cidadão que foi reprovado duas vezes – duas vezes, uma depois da outra – no concurso para juiz de direito. Pode uma coisa dessas? É claro que não pode, pelos fundamentos mais elementares da lógica comum e da sanidade mental exigida para a vida pública em qualquer nação. Seria como aceitar que 2 mais 2 são 22. Mas é exatamente isso, sem tirar nem pôr um milímetro de exagero, que estão fazendo você engolir.

Não é implicância. É apenas a observação banal dos fatos. Não dá para achar normal que um indivíduo considerado incompetente para ser juiz da comarca mais ordinária do interior, como ficou provado e comprovado nos dois exames em que levou bomba, possa ser um dos onze juízes supremos do Brasil – ou, pior ainda, ser o presidente de todos eles. 

Qual é a vantagem que a população poderia obter com a presença de um repetente desses no STF? Nenhum dos gigantes da nossa vida pública, que aceitam mansamente a presença de Toffoli na presidência do STF, conseguiria explicar por que raios uma aberração com esse grau de grosseria deve ser imposta a 200 milhões de brasileiros. Não conseguem, simplesmente, porque nenhum ser humano consegue. Fica-se assim, então: Tof­foli, pelos conhecimentos que demonstrou, não tem capacidade para ser juiz nem de um jogo de futebol, mas pode ser presidente do mais alto tribunal de Justiça do país. Não perca o seu tempo tentando entender. É impossível entender.

É exatamente isso, sem um milímetro de exagero, que estão fazendo você engolir

Naturalmente, como diz a velha máxima popular italiana, não existe limite para o pior. Toffoli não apenas é uma nulidade em matéria de direito, segundo o parecer dos examinadores que julgaram duas vezes a sua aptidão profissional – é também um fenômeno de suspeição e parcialidade provavelmente sem similar no mundo civilizado. 

Foi nomeado para o STF pelo ex-presidente Lula depois de ter sido alto funcionário do seu governo e, antes disso, advogado do PT. Está no cargo exclusivamente porque prestou serviços a Lula e a seu partido – e, portanto, não poderia julgar nada que tivesse a menor relação com qualquer um dos dois.

 Mas o que está acontecendo é justamente o contrário. Toffoli é um dos onze juízes que a cada meia hora decidem mais um recurso dos advogados do ex-­presidente, na tentativa permanente de anular sua condenação a doze anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro. Vem aí, então, mais uma pergunta muito simples: você acredita que nesta hora de pressão máxima o ministro que deve tudo ao PT e a Lula vai esquecer os favores que recebeu e se comportar com a imparcialidade obrigatória de um magistrado? (Ninguém está pedindo que ele seja um rei Salomão. Basta que não se comporte como um despachante dos advogados do réu.) E, se você realmente acredita nisso, poderia dar três motivos (ou dois, ou pelo menos um) capazes de explicar por que alguém como Toffoli merece tal fé?

O ministro Toffoli e quem o leva a sério, a começar pelos colegas que o chamam de excelência, pela mídia e pelo mundo oficial, insistem todos os dias em tratar o Brasil como um país de idiotas. Esse é o fato da vida real: todo o resto é conversa fiada. Não espere melhorias a curto prazo. Temos aí uns vinte candidatos a presidente da República, e eleições daqui a três meses. Nenhum deles, mas nenhum mesmo, abriu o bico até agora para dizer uma única palavra sobre o despropósito aqui descrito. A única conclusão é que estão todos de acordo com essa queda livre na insensatez.


Magu acrescenta, já em sua tradicional cor-de-b…arro, emérita criação do Gil:

O Zeroberto está se apoiando na famosa frase do bahiano Otávio Mangabeira, governador naquele pedaço entre 1947 e 1951: “Pense num absurdo qualquer. Na Bahia, tem  precedente!”.

Na sequência de seu texto, o Guzzo também pega carona num derivativo da Lei de Murphy, magnificamente escolhido para a próxima assunção do advogado petralha: “Se existe mais de uma maneira de uma tarefa ser executada e alguma dessas maneiras resultar num desastre, certamente será a maneira escolhida por ‘alguém’ para executá-la”

(*) Ciência que estuda as propriedades elementares dos números racionais. No caso em tela, irracionais…

ROQUE SPONHOLZ

7 de julho de 2018; três meses de cana esperando Toffoli assumir presidência do STF. Até o final do mês, estará livre, leve, solto e enchendo o saco de todo mundo.